A divergência de preferência entre a proximidade ou distanciamento físico entre as pessoas nas relações sociais, pode gerar certa insegurança, pois de fato cada pessoa tem uma preferência, mas é possível ter uma postura que agrade a maioria das pessoas e não se passar por alguém insensível ou por se manter distante ou por estar próximo demais. A história abaixo contribui, de forma metafórica, para ampliar o conhecimento sobre essa questão.
Em uma época muito remota, em gue o clima da Terra ainda não estava completamente definido, um grupo de porcos-espinhos fazia de tudo para tentar sobreviver ao frio intenso que parecia não ter mais fim. Os porcos-espinhos corriam vigorosamente de um lado para o outro buscando aquecer seus corpos e caminhavam horas e horas em direção ao Sul, procurando regiões mais quentes. Tudo inútil! A cada dia, um ou dois membros do grupo morriam enregelados.
O risco de todos perecerem era considerável! Então o mais experiente do grupo afastou-se para meditar, procurando uma solução. Algum tempo depois procurou os companheiros e propôs que todos, daquele momento em diante, ficassem bem perto uns dos outros que assim seriam salvos dessa terrível tormenta que se abatia sobre o grupo. Seguindo o conselho do mais sábio, os demais se aproximaram uns dos outros e aos poucos verificaram que uma estranha e agradável onda de calor aquecia seus corpos quase congelados. Tudo corria bem e ninguém mais morreu nos dias seguintes.
Aconteceu que após algum tempo, ao estarem bem próximos uns dos outros, começaram a ocorrer espetadas e, consequentemente, as reações apareceram... Como se sentiam fortalecidos pelo calor, as formas de reagir às espetadas se tornaram cada vez mais violentas e as mortes foram surgindo novamente. O velho porco-espinho, angustiado e entristecido, ausentou-se do bando para refletir. O que fazer para pôr um paradeiro aquela situação? Pensou, pensou por muitas horas e convocou o grupo para uma assembleia, dizendo mais ou menos estas palavras:
- Companheiros, temos que viver próximos uns dos outros para nos salvar desse inverno que parece interminável. Porém, como ao se aproximar cada um fere o outro e isto provoca reações violentas, proponho que nossa proximidade nunca ultrapasse o dobro do tamanho de nosso maior espinho. Isso nos garantirá calor e paz!
Suas palavras foram encerradas sob aplauso geral. Os porcos-espinhos sobreviveram até os dias de hoje.
Texto extraído do livro Psicologia das Relações Interpessoais de Almir e Zilda Del Prette.
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